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Moda Pelotas || Retalhos de um passado sofrido

Oi pessoal, tudo bem com vocês?
Hoje vim mostrar para vocês como foi o desfile da minha turma no Moda Pelotas, que é o maior evento de moda da região sul aqui do Rio Grande do Sul, e que tivemos o prazer de participar novamente. Nosso terceiro semestre teve como tema geral de projeto o acontecimento histórico da Segunda Guerra Mundial e confeccionamos saias conceituais, surgindo a oportunidade de participar do moda, fizemos algumas alterações durante o semestre como a limitação da cartela de cores para que o conjunto tivesse uma unidade na passarela e o resultado superou todas as expectativas.
Fizemos um mix de nome/release para o nosso desfile e se chamou assim: 
Retalhos de um passado sofrido: a moda na segunda guerra mundial.
O desfile foi composto por 15 saias, na parte de cima como não confeccionamos blusas, fizemos amarrações com ataduras e algumas das modelos entraram com máscaras de gás para remeter o contexto histórico abordado. 
A saia da foto abaixo é que eu confeccionei, em sarja preta, a minha intervenção têxtil foi o destroyed no tecido, usei de aviamentos como o zíper tanto como decorativo, como funcional e apliquei tiras de flores na parte de trás da saia, a delimitação do tema do meu projeto foi a versatilidade da roupa feminina e a mulher que precisou sair de casa para trabalhar no período da Segunda Guerra.
Essa saia foi confeccionada pelas Brunas e o foco do trabalho delas eram os judeus, elas usaram como tecido base a napa, que é semelhante ao courino, mas, um pouco menos maleável, e fizeram recortes no tecido como a intervenção, aplicaram pontos de sangue, de aviamentos decorativos temos as correntes e na barra podemos observar um detalhe de transparência em tule.
Essa saia linda é da Daiana, que teve como inspiração principal a jovem militante comunista alemã Olga Benário, que foi uma grande referência feminina para o período, e a saia dela foi feita com algodão cru, a sua intervenção foi o seguinte, ela desfiou o algodão cru, cobriu o molde da saia com esses fiapos e passou goma, show né? E para compor com seu look ela também fez esse super casaco/capa.
Essa saia é a da Maira que causou um super impacto na passarela, a modelo chegou causando com essa máscara e esse emaranhado de tecidos. A inspiração da Maira foram os traumas psicológicos causados pela guerra na mulher daquela época e a sua intervenção foi cortar tiras de tecidos e manualmente dar nós criando esse efeito, bem semelhetante a técnica de macramê.
Essa roupa diva é da Jamila, confesso que não lembro o tema dela - triste - mas a intervenção dela foi passar lixa em todo o tecido para descaracterizá-lo através do toque e ficou super macio. Adorei também essa parte de cima e essas tiras em malha, Jamila sempre arrasando nas produções!
Essa saia é da Natanielli e os vazados deixando o corpo da modelo a mostra foi só sucesso, a inspiração dela foram os diários escritos no tempo da guerra, de soldados, de sobreviventes, qualquer diário e a intervenção dela foi a escrita no tecido queimado na parte de baixo e na parte de cima o destroyed.
Essa é a saia da Julia, que teve como inspiração a marinha do período da guerra, e todo aquele ambiente náutico - nem amo - e a sua intervenção foi a aplicação de cordas no tecido para lembrar o tema, nem preciso falar que as cordas vem tudo né.
Essa saia é da Victória e da Juliana, pelo que me recordo a inspiração delas era um pouco o médico nazista Josef Mengele e as experiências que ele fazia com os prisioneiros dos campos de concentração, a intervenção delas foram emaranhados de tiras de malhas em alguns pontos da saia e o diferencial característico do tema foi a desconstrução da roupa padrão, ou seja, uma saia com uma gola no cós e mangas de tamanhos diferentes aplicadas nas laterais remetendo as experiências, de aviamento foram usando vários botões vermelhos ao longo da saia.
Essa saia-calça é da Larrisa e Victória, a inspiração delas era o utilitarismo da roupa feminina e a praticidade do guarda-roupa feminino na época, já que realidade era das mulheres irem para o trabalho de bicicleta - o que não dava para fazer de saia - e chegar no trabalho ainda femininas, então elas trouxeram esse mix de saia-calça e a intervenção foi esse entrelaçamento de tiras.
Essa é a saia da Ana, que teve de inspiração o campo de concentração de Auschwitz, o diferencial da saia foi o uso de arame farpado e a intervenção foi o processo de estamparia manual na parte de baixo da saia que ela quis representar o arame também.
E essa é a saia do Mateus e da Cristiani, com direito a lacrar no encerramento do desfile com o Hitler na passarela.
A dupla teve como inspiração os quatro principais relacionamentos amorosos de Hitler, trazendo a perversão, a ingenuidade, a fatalidade e o lado obscuro dos relacionamentos.
Cada uma das saias representava uma das mulheres que se envolveu com Hitler, e na passarela ficou super interessante a presença dele despindo a modelo e mudar a referência de qual das mulheres viria a seguir.
A aparição do Hitler do bem na passarela causou surpresa, deu o que falar e foi o maior sucesso, mais do que merecido!
Na sequência temos também a saia da Luciéle que abordou a escassez de materiais têxteis no período e usou como intervenção têxtil a aplicação de fios de luz relembrando a máquina de Turing, a segunda saia é da Natanielli - que já foi explicado o tema acima - e a terceira saia do Mateus e da Cristiani, também já comentado o tema acima. Ficou faltando apenas uma saia que é a da Rosi, não achei fotos para postar aqui.
Essa foi a equipe nota 10 que esteve organizando tudo do desfile e participou do backstage, equipe da qual foi a maior alegria de parte e poder ajudar e ver a criação e o resultado de perto de algo tão maravilhoso, é emocionante ver na passarela cada detalhe que foi pensado com toda atenção e cuidado.
E a melhor parte vem depois do desfile, com todo o retorno positivo e elogios que recebemos por ter feito algo tão lindo! E que venha o próximo Moda Pelotas, com certeza vamos para arrasar! 

Fotos: Vip e Filipe Lucena

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